Meu maior objetivo com esse blog e com todo tipo de arte que faça, principalmente com a música, é vibrar frequências de paz e harmonia através palavras ou de um som contagiante e ao mesmo tempo apaziguante, um paradoxo que renova a alma, como um verdadeiro banho de cachoeira. Se isso não existir, pra mim não existe arte.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Entrevista com a Monja Coen sobre morte e luto
Por Monja Coen
1) Por que se tem tanto medo da morte?
Quem tem tanto medo da morte?
O que é a morte? Onde começa o morrer, não seria ao nascer?
2) Como se preparar para a morte (a nossa) e de alguém próximo?
Como nos preparar para a vida. A nossa e a de alguém próximo de nós. A vida nos prepara a viver. A morte nos prepara a morrer. Tudo está em constante transformação.
Sem um só instante de pausa. Vida-morte manifestando-se não como opostos.
3) Como superar a dor de perder alguém querido?
Através da memória correta. Da meditação correta, Do ponto de vista correto. Da fala correta. Da ação correta. Da concentração correta. Da vida correta. Do samadhi correto.
Tudo é passageiro, transitório. Sofremos a perda. E perdemos o sofrimento também.
Precisamos nos refazer. Refazer a teia de relacionamentos que fica fracionada com a morte de alguém próximo. Saber que um pouco de nós morre com nossos amigos e parentes e que um tanto grande de quem morreu vive em nós. Como dar vida a vida em nossas vidas?
4) O tempo é o melhor remédio?
Somos o tempo. Não é remédio o tempo. O remédio é a sabedoria suprema. A compreensão da transitoriedade. A aceitação da vida-morte como um processo de causas-condições-efeitos. E todos somos essa teia de interrelacionamentos.
Não podemos apenas ficar nos lamentando pelo que perdemos, centrados em nosso ego. É preciso orar pelos que se vão. Agradecer suas vidas, seus momentos conosco e libertá-los de nossos apegos.
5) Qual é o medo maior de morrer ou de perder alguém?
Depende de cada um. O essencial é conhecer o medo. O qeu é medo? Como se manifesta em nosso corpo? Como ficam nossos músculos, nossa respiração, batimento cardíaco? Então reconhecemos o medo e não somos mais controlados pelo medo. Ninguém quer perder um filho, uma filha, uma criança. Quantos pais não entregam suas vidas para manter a de seus filhos? Talvez nosso instinto de preservação da espécie seja mais forte - em manter as vidas sucessivas invés de primeiro pensarmos nas nossas. Mas nem todos são assim. E isso não são pensamentos de valores - quem é melhro, quem é pior. Apenas somos o que somos. E somos processos em transformação.
6) É possível ser feliz depois da morte de alguém muito querido?
Sempre é possível ser feliz. A felicidade está em nós. Uma capacidade de contentamento mesmo nas maiores dificuldades, dores, perdas. Reconhecemos o processo vida-morte em ação. É o nosso processo. E todos vamos morrer, assim como todos nossos ancestrais morreram. Faz parte da natureza humana. Não apagamos a memória. Não substituimos a pessoa por outra. mas continuamos nossa jornada, levando em nosso ser a marca da dor, mas não o peso, o trauma, a incapacidade de viver. Somos a vida. Somos a morte. Estamos todos interrelacionados. Intersomos.
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