quarta-feira, 3 de junho de 2009

Pergunta pra quem quiser responder...

O MUNDO TEM CONSERTO?
Não
Além de pessimista, sou também lacônico.Se me perguntassem se o mundo tem conserto, minha resposta seria essa aí em cima
POR J. R. DURAN*


As montadoras de automóveis instaladas no Brasil fizeram festa outro dia. Soltaram rojões e palavrões de satisfação. Se tratava, apenas, de uma comemoração: as montadoras tiveram de refazer pela terceira vez as projeções de vendas e descobriram até dezembro 2,4 milhões de unidades no país. Isso é um crescimento de quase 25% sobre o ano anterior. Toma gás carbônico. Toma chocolate ("pára de chorar, pára de chorar, pára de chorar", como diz a letra da música). Alegria de uns, arrepio de outros. No mesmo dia leio no jornal que a "Amazônia pode acabar em 40 anos". É capaz, espero que não e que ainda esteja vivo quando essa data chegar. Mas é capaz, também, que essa data esteja errada. Pelo andar da carruagem humana e pelos sinais de extrema estupidez que ela tem emitido através dos séculos pode até ser que ela se antecipe. Sou um pessimista esclarecido. Acredito que o pior pode acontecer quando tenho certeza de que o pior realmente vai acontecer. Explico um pouco melhor. Tenho um amigo, o Arnaldo, que sempre diz que o que está para acontecer está sempre escrito nas paredes (esta é uma imagem bíblica, do Novo Testamento: quando um grupo de pessoas recebe um aviso de Deus, ele é feito através de uma misteriosa mão que escreve na parede o aviso do que vai acontecer). Enfim, acho que o Arnaldo tem razão. Acho que os desastres são sempre anunciados e o ser humano não quer ver (não tem pior cego que aquele que não quer enxergar, já diz o ditado lá em Pirapora do Bom Jesus).

Bem, no mesmo dia em que leio essas duas notícias no jornal (o mesmo O Estado de S. Paulo de 5 de outubro de 2007), meu coração se encolhe ainda mais quando é informado pelos meus olhos que estão lendo um "informe publicitário". Nele os fabricantes de plásticos e sacolas plásticas nos informam que estão juntos para nos dizer que devemos estudar com muita calma (nesta hora) esta coisa que ficou na moda de não utilizar sacolas plásticas. Opa! Uma coisa de cada vez. A primeira delas. Me surpeende que só agora alguns descolados tenham descoberto que sacolas plásticas não são biodegradáveis e demoram um caralhão de anos em desaparecer da face da terra. Isso todos sabem, ou deveriam saber, faz muito tempo. E, faz muito tempo também, ninguém se importa. A primeira coisa que um gringo faz, quando chega ao Brasil, é comprar uma sacola de feira daquelas bem coloridas e se achar altamente original. A última coisa que uma pessoa faz neste país é ir às compras com uma bolsa de feira. Cansei de explicar para o rapaz que vende jornal, que vende e aluga as fitas na videolocadora, que vende flores, que vende sei-lá-o-que que não quero uma bolsinha de plástico. Me olham como se eu fosse um cretino. Devo ser, porque não me importo em segurar duas fitas em uma mão (coisa que não me parece extremamente difícil) assim como um par de livros ou um jornal.


AONDE QUERO CHEGAR?


Na verdade, não sei. Mas tenho certeza de que não chegaremos a lugar nenhum. De um lado aumentamos a produção de carros em 25%, de outro parece que sabemos que a Amazônia vai para casa do caralho (imagina agora com a febre do etanol que nos transformará em fodões de primeira linha no cenário mundial de combustíveis), na outra ponta as pessoas estão descobrindo agora que sacolas de plástico são como um câncer para a natureza (deve estar fazendo efeito porque um "informe publicitário" é sempre uma peça de propaganda produzida com a máxima rapidez para responder a algum tipo de situação crítica).

Os lacônicos foram um dos povos de Esparta, na antiga Grécia, que tiveram de lutar contra os macedônios. Um dia o exército comandado por Felipe de Macedônia, o pai de Alexandre, o Grande, mandou um emissário com a seguinte mensagem: "Se eu entrar em Lacônia com meu exército, arrasarei a Esparta até não sobrar nada". Os espartanos responderam (tinham colhões os rapazes) com uma simples palavra: "Se". Além de pessimista, sou também lacônico. Se me perguntassem se o mundo tem conserto, minha resposta seria: não. Não por causa do estado de saúde dele, do mundo - mas por causa do estado de saúde mental da maioria dos habitantes do planeta.

E você? O que pensas disso?!